Nota em defesa do IBGE e do Censo Demográfico 2022
26/01/2023
Notícias
A Diretoria e o Conselho Consultivo da ABEP – Associação Brasileira de Estudos Populacionais, reunidos em 25/01/2023, manifestam sua preocupação diante de questionamentos sobre a qualidade do Censo Demográfico de 2022, sem base científica, que poderiam levar à perda de credibilidade do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Em momentos como este, e trazendo a discussão para o campo dos estudos populacionais, nunca é demais ressaltar a importância de um Censo Demográfico. Sem saber quantos somos, onde estamos e como vivemos, não é possível elaborar e implementar políticas públicas efetivas nem tampouco planejar o nosso futuro enquanto país. Mas, antes de tudo, é essencial entender que a operação de coleta dos dados ainda não terminou. Nesse sentido, é imperativo garantir as condições necessárias para que o Censo 2022 possa ser finalizado, mesmo que com atraso em relação ao cronograma inicialmente estabelecido, para que sua divulgação ocorra no menor período de tempo possível. Colocamo-nos frontalmente contra qualquer tentativa de encerrar a coleta sob acusações de falta de qualidade e, como especialistas em Demografia, estamos à disposição da sociedade para um debate aberto e baseado em evidências.
Órgão de Estado, responsável pela produção, análise, coordenação e consolidação das informações estatísticas e geográficas, além da disseminação de informações e da coordenação dos sistemas estatístico e cartográfico do Brasil, o IBGE tem vasta experiência na condução de censos e outras pesquisas domiciliares, além do cálculo da inflação e do PIB brasileiros. Diante de tamanha responsabilidade, o IBGE é um patrimônio da sociedade brasileira e precisa ter preservada a sua autonomia e independência na tomada de decisões relativas às suas atividades fim. Seu corpo técnico tem conhecimento e domínio de todas as etapas envolvidas em cada uma das funções da instituição, trabalha em consonância com o que há de mais avançado nessa área ao redor do mundo, conta com reconhecimento nacional e internacional, além de assessoria especializada, sempre que necessário. Portanto, não cabem interferências unilaterais nos processos internos do IBGE ou suspeitas sem provas, gerando desinformação e prestando um desserviço ao Brasil, podendo, inclusive, gerar perda de recursos públicos e de autonomia institucional.
Enquanto membros dirigentes da associação científica que congrega demógrafas e demógrafos no Brasil, reiteramos que temos acompanhado os processos em torno da operação do Censo Demográfico e, por este motivo, atestamos nossa confiança no IBGE e nas decisões operacionais e metodológicas tomadas por seus dirigentes e pesquisadores neste processo, que sabemos, tem sido repleto de desafios. Até este momento, a Instituição soube, com muita dedicação e transparência, buscar a melhor e mais eficiente forma de continuar com sua importante missão de produzir os dados que esta nação precisa para se desenvolver com justiça social. Quando o Censo 2022 estiver concluído, assim como ocorreu em censos anteriores, especialistas farão análises críticas sobre a cobertura populacional e a acurácia das informações coletadas, as quais serão amplamente divulgadas a toda a sociedade de maneira oportuna e consistente.
Diretoria e Conselho Consultivo da ABEP, gestão 2023-2024
Também subscrevem essa nota, os sócios da ABEP:
Alberto Alexandre Lima de Almeida |
UFRN |
Ana Maria Nogales Vasconcelos |
Universidade de Brasília |
Aurélia Hermínia Castiglioni |
Universidade Federal do Espírito Santo |
Cássio Maldonado Turra |
Departamento de Demografia, Cedeplar, UFMG |
Danielle Cireno Frnandes |
UFMG |
Denise Helena França Marques |
Fundação João Pinheiro |
Eduardo Nunes Guimarães |
Universidade Federal de Uberlândia |
Estela Maria Garcia de Pinto da Cunha |
Unicamp |
Gabriel Dias Braga Mesquita |
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) |
Giovana Gonçalves Pereira |
Consultora |
Glauco Umbelino |
UFVJM |
Jair Licio Ferreira Santos |
Depto. Medicina Social - FMRP - USP |
Jerônimo Oliveira Muniz |
UFMG |
João Gomes da Silva |
UFRN |
julio cesar pontes |
UFRN |
Kleber Fernandes de Oliveira |
Universidade Federal de Sergipe |
Laura L. R. Wong |
CEDEPLAR - UFMG |
Luisa Pimenta Terra |
Universidade Federal de Alfenas -MG |
Maísa Faleiros da Cunha |
NEPO/ Unicamp |
Marcia Castro |
Harvard University |
Margareth Ap. Santini de Almeida |
Faculdade de Medicina -UNESP |
Marina Mendes Soares |
UNICAMP |
Michelle Elaine Siqueira Ferreira |
UFMG/CEDEPLAR |
Morvan de Mello Moreira |
Fundação Joaquim Nabuco |
Raquel Rangel de Meireles Guimarães |
UFPR |
Samuel Araujo Gomes da Silva |
Cedeplar/UFMG |
Sandra Mara Garcia |
Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP) |
Thais Tartalha |
UFABC |
Thiago Machado Lage Moreira |
CEDEPLAR/UFMG |
Victor Antunes Leocádio |
CEDEPLAR/UFMG |
Wilson Fusco |
Fundação Joaquim Nabuco |
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