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Homenagens a José Alberto Magno de Carvalho

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Por Elza Berquó

Adeus meu estimado irmão José Alberto, uma luz brilha no final dos tempos.
Quando o coração estiver mais calmo, falarei de nossa amizade nos últimos 50 anos. 

Falarei também de sua importante contribuição como o maior demógrafo brasileiro.
Meus sentimentos a todos que sentem sua falta.

 

Por José Irineu Rigotti

Amigas e amigos,
escrevi estas mal-traçadas linhas, como costumávamos brincar, lembrando das coisas do Sul de Minas. 
As palavras costumam se esconder, quando estamos tomados por profunda emoção. Mas elas saem do fundo do coração, dos nossos pensamentos mais nobres. Hoje é um desses dias em que a Demografia brasileira busca externar suas condolências, suas homenagens e seu respeito a um dos membros mais ilustres da nossa comunidade. Muito ainda será dito e lembrado, em nome do nosso grande mestre, professor José Alberto Magno de Carvalho. Por isso, neste momento, para além do imenso legado deixado aos estudos de população do país, as lembranças que afloram são as mais singelas. Tive a honra e a sorte de conviver por quase 30 anos com aquele que dividi, como tantos colegas, alunos e abepianos, histórias de vida, de sentimentos e daquilo que nos faz eternamente humanos e gratos: a mais profunda amizade. Que sua família e amigos encontrem a força para superar a dor recente da ausência. Pois, com certeza, sobreviverá a espirituosidade e o carinho, tão generosos, em nosso querido Zé!

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Lembrando Carmen Miró

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Por Ana Maria Nogales Vasconcelos

A notícia do falecimento de Carmen Miró me deixou muito triste, apesar de saber que ela já estava ausente há algum tempo. Carmen com sua presença marcante e seu jeito contestador (e desafiador, em alguns momentos!!) foi uma mulher, pesquisadora, professora fascinante. Conheci Carmen quando cheguei ao Colegio de México para cursar "la Maestría en Demografía". Desde o primeiro momento, me acolheu com muito carinho, algo não esperado porque ela parecia sempre estar a muitas léguas de distância acima dos pobres mortais, e sobretudo de nós estudantes. Ela era conhecida por sua franqueza, sem muitos rodeios em suas opiniões. Era muito respeitada e pouco contestada.

Quando cheguei ao México, ela já estava encerrando sua carreira na demografia. Ainda que sempre estivesse presente nos congressos e seminários, Carmen, no início dos anos 1980, se aposentou e foi morar em sua querida terra natal, o Panamá. Terra quente, festiva, de muita música e alegria à flor da pele. Contraditoriamente, essa era Carmen. Uma pessoa muito alegre, com muito amor pelos seus estudantes, e preocupada com as trajetórias de cada um. 

Ela me acompanhou, me aconselhou durante toda a minha vida acadêmica no Colegio do México (anos difíceis, mas de muito aprendizado!!!).

Tive a oportunidade de reencontra-la nas vezes que veio ao Brasil. A última, em 2004, em Caxambu. Como sempre, almoçamos, jantamos e falamos da família, dos amigos, de saudades!!
Sempre me convidou a visitá-la no Panamá. 

Nunca pude cumprir essa promessa. Aqui, o tempo foi um inimigo implacável.
Para lembrar a memória de Carmen, trago um verso do nosso poeta Drummond:

"De tudo fica um pouco".

Ficou um pouco de ti, Carmen, na pesquisa e nas aulas de Demografia, renovando com os mais jovens o interesse pelas questões populacionais.

Carmen, muito obrigada por todos os seus ensinamentos!!!

 

Por Laura Wong

Escrever honrando a memória de uma grande mulher, demógrafa iconoclasta, como foi Carmen Miró é um grande desafio, pois certamente, muitos já o fizeram. No entanto por pertencer à ala “sênior” da ABEP, mais em razão da idade e menos por outros atributos, quis escrever estas linhas. O faço  pensando na ABEP, deixando para outros colegas, escrever sobre o tamanho das lutas desta mulher, abrindo fronteiras.

Embora Carmen tenha influenciado muito a vida abepiana e tenha participado dos Encontros em muitas oportunidades, são dois momentos da vida da ABEP que me fazem liga-la mais, ainda, à nossa Associação.

O primeiro momento tem a ver com a gestação de ABEP, que, até onde dizem os registros, deu-se num momento em que havia necessidade de enfrentar a problemática populacional (leia-se: explosão demográfica); junta-se, a esta circunstância, a existência, planejada, de uma massa crítica de profissionais capazes de entender cientificamente a dinâmica demográfica  e contestar a dominante postura neomalthusiana da época.

A reunião que iniciou de forma, talvez definitiva, “o trabalho de parto” para o nascimento da ABEP, ocorreu no Rio de Janeiro, em 1976, segundo informa G. Martine[1]. Foi o Simpósio sobre o Progresso da Pesquisa Demográfica no Brasil. Nesta reunião, entre outras personalidades da demografia mundial, estava nada menos que dona Carmen Miró, e que, à época, comandava o CELADE, estando em pleno vapor o desenvolvimento de uma Demografia Latino Americana crítica.  Nas palavras dela, essa Demografia devia ser uma ciência,  ao mesmo tempo que independente, comprometida com o desenvolvimento social; ferramenta na luta contra a exclusão.   

Não é à toa que ABEP nasceu com essa marca, assim a mantiveram muitos dos seus dirigentes e a fizeram grande. Assim, espero que continue.

O segundo momento é mais pessoal. Num dos Encontros, nos quais o saudoso Daniel Hogan e Sergio Nadalin compartiam comigo a diretoria, ela fez especial referência ao caminho de consolidação no qual estávamos entrando (é provável que tenha sido ao comemorar o 10o aniversário da ABEP). Como sinal da independência intelectual da Associação, Carmen mencionou, expressamente no discurso, o fato de não ter significância para ABEP  as peculiares origens não-brasileiras minha e a de Daniel.

Quero ver nestes dois momentos que cito, a forma como Carmen enxergava a ABEP. Como uma associação livre de preconceitos, independente e comprometida apenas  com a ciência e com o desenvolvimento social.

Descanse em paz, Carmen, a ABEP que recebeu tantos elogios seus, não perderá seu importante papel na Demografia mundial.

[1] Rev. bras. estud. popul. 22 (2) • Dez 2005 Martine, G. O papel dos organismos internacionais na evolução dos estudos populacionais no Brasil: notas preliminares

 

Por George Martine

Difícil aceitar que pessoas extraordinárias como Carmen sejam também mortais. Falar na importância dela para a trajetória dos estudos e das políticas de população na nossa região é redundância. Na minha avaliação, poucas pessoas podem ser comparadas a ela em termos de influência nas temáticas, nas abordagens e no próprio desenvolvimento da ciência demográfica na região. Carmen também teve muita influência na trajetória das políticas de população, onde traçou uma linha equilibrada entre as perspectivas ideológicas de uma época conturbada. Esteve sempre muito comprometida com a justiça e o desenvolvimento social, além de ser defensora ferrenha do seu querido Panamá. Tinha uma personalidade forte e destemida para administrar suas obrigações  e defender suas perspectivas, mas também era capaz de muita candura e compreensão humana.

No particular, afetou diretamente minha vida, especialmente nos inícios da minha trajetória profissional. Dela veio a minha primeira oferta de trabalho, quando eu era ainda estudante e ela montava o CELADE. (Não aceitei porque queria trabalhar e morar no Brasil). Publicou meu primeiro livro (Formação da Família e Marginalidade Urbana), mesmo sabendo das polêmicas ideológicas  que ele suscitaria. Me beneficiei da colaboração, do apoio e da amizade dela enquanto eu trabalhava na CEPAL. Posteriormente, tive a oportunidade de colaborar no projeto CLACSO que ela coordenava desde o México e participar de muitos congressos e eventos em nível regional ou internacional, nos quais a postura e a personalidade dela sempre se faziam respeitar. Tive a honra de estar junto com ela (e o Zé Alberto) num painel que discutia o futuro da demografia latino-americana na semana da criação da ALAP. Nesta ocasião, ela defendia com paixão a expansão da pesquisa e da influência dos estudos demográficos na região.  

 

Por Diretoria da ABEP (Gestão 2021-2022) 

Estimada Comunidade Abepiana,

É com grande pesar que comunicamos o falecimento da Dra. Carmen Miró, ocorrido no dia de ontem, 18 de setembro.

Nascida em 1919 no Panamá, teve uma formação ampla em Sociologia, Estatística e Demografia. Chefiou dez anos (1946-1956) o Departamento de Estatísticas e Censo do Panamá, período também em que foi professora da Universidade do Panamá. A partir dessa experiência foi fundadora e diretora do Centro Latinoamericano y Caribeño de Demografía (CELADE), o principal centro de formação de demógrafos da América Latina.

Formou gerações de demógrafos, participou de maneira ativa das discussões sobre a dinâmica populacional na América Latina e no mundo. Sempre com uma visão particular e crítica sobre os processos sociais.

Carmen Miró deixa um legado riquíssimo para compreender os processos sociodemográficos ocorridos na América Latina ao longo dos últimos 70 anos. Lembramos com carinho sua participação na reunião de constituição da Asociación Latinoamericana de Población (ALAP), que aconteceu de maneira concomitante ao encontro da ABEP, no ano de 2004 na cidade de Caxambu.

A diretoria da ABEP se solidariza com os familiares e amigos mais próximos de Carmen Miró.

Com um abraço solidário,

Diretoria da ABEP (Gestão 2021-2022)

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David Wu Tai

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A notícia da morte de David Wu Tai, Diretor de Informática do IBGE, mais uma vítima da pandemia do COVID-19, me levou de volta aos Encontros da ABEP da primeira década dos anos 2000. Os olhos marejados pela tristeza se iluminaram quando me lembrei dos cybercafés que o IBGE montava na área dos stands a cada Encontro, sempre com tecnologia de ponta. Além de impressora e computadores ligados à internet, num momento em que não havia wi-fi ou smartphones, alguns dos cybercafés tiveram a beleza do chão de vidro, de mapas nas paredes, lounge com sofás e até uma máquina de café expresso, coisa ainda rara naquela época. Era lá que checávamos o e-mail, imprimíamos algo de última hora ou cumpríamos prazos que teimavam em coincidir com os Encontros. Nos preparativos do Encontro de 2008, que tive a honra de organizar junto com Ana Paula Pyló e meus colegas de diretoria George Martine, José Eustáquio Alves, José Ribeiro e Tirza Aidar, me lembro do alívio que sentimos quando, finalmente, David Wu Tai confirmou que o IBGE montaria o cybercafé. Afinal, Encontro sem cybercafé não era Encontro! David era a personificação do cybercafé e esteve presente em muitos deles, tirando dúvidas e ajudando usuárias e usuários, sempre com um sorriso no rosto. O cybercafé da minha memória e do meu coração terá sempre um David Wu Tai sorridente e atencioso. 

 

David Wu Tai

www.noticias.r7.com

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Valéria da Motta Leite

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Homenagem póstuma a Valéria da Motta Leite

Fiquei chocado com o falecimento da Valéria, pois ela era o símbolo da juventude inalterável, com sua disposição alegre e seu sorriso de carioca feliz – mesmo nos tempos mais complicados da sua vida pessoal ou profissional. Fico também espantado com a ausência de manifestações lembrando as contribuições desta figura para o nosso convívio. Deve ser parte do tal choque de gerações, pois Valéria deixou de frequentar a ABEP há algum tempo e, consequentemente, não é conhecida de muitos!

Mas não podemos deixar passar em brancas nuvens o desparecimento de uma grande companheira que foi pioneira na demografia brasileira, esteio do IBGE nos seus melhores tempos, fundadora e membro da primeira diretoria da ABEP, participante e palestrante obrigatória em todas as reuniões de demografia. Acima de tudo, gente boa – simpática, competente, confiável e generosa. Muitas saudades, Valéria!" George Martine

Apesar do pouco contato profissional com Valéria, era possível notar que se tratava de uma pessoa muito competente e dedicada ao trabalho, o qual desempenhava com muito rigor. Além disso, fica o reconhecimento da pessoa que foi fundamental, junto com o Professor Lira Madeira, Celso Simões, Márcia Martins, para a estruturação da área de Demografia no IBGE. Guardo na memória seu jeito alegre e o bom trato com os colegas." Tadeu Oliveira

Minha relação com Valeria da Motta

Conheci e convivi com Valeria quando no IBGE no Departamento de Estudos de Mobilidade, creio que anos 90. Eu, socióloga com conhecimentos mais em estatística descritiva e analises qualitativa, tinha admiração por Valeria o que foi desenvolvendo em carinho e certa busca por proteção. Admirava suas conversas com o Prof. Lyra Madeira entre técnica e com humour. Era de igual para igual que ela discutia com o Professor Faissol e com o Professor Isaac Kertnesky e com a mesma atenção e brincadeiras que comigo e outros técnicos. Quando queríamos flexibilizar a PNAD e o Censo com nossos quereres sociológicos chegava a ser pedagógica, mas nunca gozando das nossas ignorâncias estatísticas. Foi para mim um apoio afetivo e técnico e exemplo de como a segurança e o rigor cientifico não precisam se impor por arrogância. Grande Valeria.” Mary Garcia Castro

Em 1973 o principal aeroporto brasileiro de onde decolavam e chegavam a maioria dos voos internacionais de passageiros era o Aeroporto do Galeão. O embarque e o desembarque eram realizados no terminal que hoje é denominado Terminal 1.

Relembro isso porque foi ali, no comecinho de abril daquele ano, que conheci Valeria da Motta Leite.  Vínhamos de São Paulo, eu e Mirna Ayres Issa Gonçalves (então pesquisadora do CEBRAP) em viagem para Trinidad Tobago.  Lá seria realizado o Seminário sobre pesquisa demográfica relacionada aos objetivos de crescimento demográfico, e Valéria estava convidada, representando o IBGE.

Nascia ali uma amizade com muita camaradagem, bom humor – traço de personalidade de Valéria – e muitas trocas de informação ou conhecimento, formais e informais. Nossas carreiras seguiram assemelhadas, com encontros frequentes, que foram diminuindo com a diversificação dos focos de interesse. Mas nunca foram diminuídas a estima, o apreço e a mútua admiração. Impossível não lembrar de Valéria sem rever seu sorriso: sua marca de interlocução com a vida."  Jair Licio Ferreira Santos

Querida Valeria,

Muitos de nossos colegas e amigos da ABEP já mencionaram tuas qualidades profissionais e pessoais indiscutíveis.  Profissional capaz, séria e discreta, amiga leal e altruísta, que deixa um legado invejável a demografia brasileira. Assino em baixo de tudo que foi dito Valeria, mas fiquei pensando que algo faltava para teu retrato completo. Foi ai que lembrei com saudades de nosso ultimo encontro e conversações".

Foi em mais um jantar-baile da ABEP de momentos alegres, falando de nossas experiências de maternidade tardia. Riamos dizendo que havíamos colaborado para garantir a taxa de reprodução, mas que sobretudo, estávamos felizes com nossas meninas. Estas memórias Valeria, ajudam a consolidar tua imagem e confirmam como o publico e o privado são inseparáveis na vida das mulheres. Vivestes teu grande amor, com a mesma discrição profissional elogiada, e deixastes ai também um grande legado mesmo sem nunca ter sido qualificada como demógrafa feminista. Obrigada amiga Valeria." Ana Maria Goldani

Tenho lido as várias manifestações de colegas sobre a partida definitiva da Valéria, decidi também me manifestar, apesar de, reconhecidamente, não ser frequentador desses modernos meios de comunicação. Conheci a Valéria em meados dos anos 70, em reuniões do grupo apoiado pela Fundação Ford, referido pelo Jair em sua mensagem de 28 de maio. Éramos cinco, em torno de 50% dos demógrafos brasileiros! Uma espécie de Proto ABEP, na feliz imagem de Jair.

Fomos grandes amigos, assertiva esta feita numa quadra da vida quando se conclui que os verdadeiros não passam do número dos dedos de uma mão, quiçá, para os de maior sorte, de duas.

Valéria teve atuação ativa em diretorias da ABEP, em seus encontros, seminários, porém sempre com aquela característica que lhe era peculiar: uma grande discrição. Em plena ditadura militar, que levava à exacerbação das opiniões e dos ânimos, ao maniqueísmo, Valéria mantinha-se aparentemente tranquila, procurando somar e não dividir. Comentava, em círculo muito restrito, com uma certa ironia, aquele contexto que levavam as pessoas a conferir a qualquer divergência um valor absoluto, a não reconhecer e respeitar a existência do “outro”.

No IBGE, além do papel de liderança desempenhado internamente, que contribuiu, em muito, para a valorização e o reconhecimento institucional da demografia, era incansável seu esforço e luta, em uma instituição até então bastante fechada e exageradamente preocupada com a “perfeição” dos dados, em propiciar, o mais prontamente possível, os dados dos censos e das demais pesquisas aos colegas de outras instituições.

Enquanto de um lado, muito se falava sobre responsabilidade social e ética no serviço público, chegando-se, inclusive, a publicar artigo sobre o tema, de outro, Valéria, silenciosa e diuturnamente, as praticava.

A última grande empreitada de Valéria no IBGE foi no bastante conturbado Censo de 1991. Elza e eu somos testemunhas da dedicação dela, inclusive na Comissão Consultiva, da qual éramos membros. Por razões para mim até hoje desconhecidas, mas talvez compondo aquele maniqueísmo referido acima, Valéria não contou com o apoio interno de boa parte dos colegas demógrafos, com uma exceção digna e de registro: o também saudoso Luiz Armando! A demografia brasileira muito deve à Valéria! Pessoalmente, também muito lhe devo! Onde for que esteja, se em algum lugar estiver, saiba, Valéria, que todos muito lhe devemos." José Alberto Magno de Carvalho

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Maria Isabel Baltar

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Fundadora do NEPO, Maria Isabel Baltar era formada em Ciências Sociais pela PUC-SP, mestre em Ciência Política pela USP, doutora em Ciências Sociais pela UNICAMP e pós-doutora pelo Centro de Estudos Demográficos da Universidade Autônoma de Barcelona, Espanha.

Seus estudos centravam-se na análise do processo político de discussão e decisão no Congresso Nacional sobre saúde reprodutiva e sexual da mulher – com ênfase no aborto - e regulamentação do trabalho, avaliando o contexto da participação de atores políticos e sociais.

Destacou-se como militante do movimento feminista nacional nas lutas em defesa dos direitos humanos, dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres e, mais especificamente, pela descriminalização do aborto. 

Foi membro do Conselho Consultivo da ABEP e do Grupo de Pesquisa População e Saúde do CNPq. Integrou o Comitê Assessor Nacional da Comissão Intergovernamental de Saúde Sexual e Reprodutiva do Mercosul do Ministério da Saúde, do Comitê Consultivo da Red de Salud de las Mujeres Latinoamericanas y del Caribe (RSMALC) e  foi secretária-executiva da Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos (Rede Feminista de Saúde).

Querida Bel, essas suas atividades refletiram seu comprometimento com a vida, seu compromisso social e político.

Nossa admiração por sua trajetória pessoal, familiar e profissional ficará em nós como símbolo de uma Mulher batalhadora. 

Bel estamos aí!

Amig@s do NEPO

Fonte: http://www.nepo.unicamp.br/nepo/perfils/homenagemBel.html

Outubro 2008

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Heloisa Pagliaro

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Faleceu, no dia 15 de setembro, nossa querida companheira Heloísa Pagliaro.

Heloísa graduou-se em Sociologia e Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, fez o Mestrado em Demografia na Université de Paris 1. Visando ao doutorado, fez um trabalho de campo intenso, qualitativo e quantitativo, junto às comunidades indígenas Kaiabi do Parque Indígena do Xingu, tendo obtido o grau de doutora em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo. Nos últimos vinte anos, dedicou-se aos estudos sobre demografia dos povos indígenas, sendo pioneira no Brasil nesse campo do conhecimento. Como participante da equipe do Projeto Xingu, do Departamento de Medicina Preventiva da Universidade Federal de São Paulo, publicou importantes trabalhos sobre a demografia de povos xinguanos com análises de dados coletados desde a década de 1960.

Em 2003, realizou pesquisa de campo junto aos Kamaiurá do Parque Indígena do Xingu, cujos resultados estão registrados em vários artigos. Os textos de Heloísa, por sua sofisticação antropológica e demográfica, em particular nas áreas de fecundidade e mortalidade, tornaram-se referências. Suas pesquisas estão entre as mais rigorosas já realizadas no Brasil e na América Latina sobre demografia indígena. Desempenhou importante papel nas análises dos dados censitários do Brasil sobre os indígenas e nos debates recentes sobre o aprimoramento de coleta de informações sobre esses povos para o Censo 2010.

Entre outros pontos, Heloísa defendeu enfaticamente a coleta de informações sobre pertencimento étnico indígena, o que se transformou em proposta incorporada pelo IBGE para aquele censo. Foi fundadora e principal articuladora do Grupo de Trabalho em Demografia dos Povos Indígenas da ABEP, cuja criação ensejou o desenvolvimento da demografia antropológica na América Latina. Seus trabalhos foram amplamente divulgados, tendo sido a organizadora principal do primeiro livro sobre Demografia dos Povos Indígenas no Brasil, publicado pela FIOCRUZ em 2005.

Em 2009, coordenou a edição do dossiê «Povos Indígenas do Brasil», publicado no volume 57 do Caderno CRH, que foi lançado no XVII Encontro da ABEP no ano de 2010.

Heloisa, grande amiga e companheira de viagens e sonhos, de uma generosidade ímpar, compartilhou seu conhecimento com toda a equipe do Projeto Xingu e alunos de extensão. Helô fazia questão de estar presente e conhecer a realidade da área indígena, acompanhando seus alunos em todas as fases da produção de conhecimento, aliando a prática à possibilidade da teoria e reflexão. Incansável e radical defensora dos direitos dos povos indígenas e da justiça social, Helô, companheira meiga e generosa, não hesitava em compartilhar informações e ideias inovadoras, além de deixar um legado de ética, dignidade, coerência e solidariedade.

Coordenação do GT de Demografia dos Povos Indígenas da ABEP, Red Demografia Indígena da ALAP, amigos e colegas.

Setembro 2012

 

Fonte: http://www.alapop.org/alap/SerieInvestigaciones/Serie12/Serie12_Art2.pdf

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Rene Daniel Decol

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É com pesar que comunicamos o falecimento de Rene Daniel Decol, que cursou seu doutorado em Demografia na Unicamp, orientado pelo professor Daniel Hogan.

Rene Decol fez graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (1992), mestrado em Sociologia pela Fordham University de Nova York (1991), doutorado em Demografia pela Universidade Estadual de Campinas (1999) e pós-doutorado pelo Cebrap (2005).

Trabalhou com vários temas como imigração internacional, relações internacionais, globalização, estudos sobre a modernidade, demografia das religiões no Brasil, entre outros.

Novembro 2015

 

Fonte: https://demografiaunicamp.wordpress.com/2015/11/25/falecimento-de-rene-decol/

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Daniel Hogan

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Daniel Joseph Hogan, sociólogo e demógrafo de reconhecimento internacional, faleceu na madrugada do último dia 27. Fundador do Núcleo de Estudos da População (NEPO), era também pesquisador de Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (NEPAM) e docente do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). Exerceu o cargo de pró-reitor de Pós-Graduação da UNICAMP de 2002 a 2005, foi presidente da ABEP e era membro da Academia Brasileira de Ciências.

 Suas atividades de pesquisa concentraram-se nas relações entre dinâmica demográfica e as mudanças ambientais, estudando também as dimensões humanas dessas mudanças.

Sua ausência se fará sentir de forma intensa e plural no nosso cotidiano, pela sua cordialidade na relação com colegas e alunos, pela paixão colocada nas discussões sobre população e ambiente. Igualmente a sua presença se fará sentir pelo enorme legado construído por uma vida dedicada à ciência e à luta por um mundo responsável com o ambiente, mais justo e humano.

 Amig@s do NEPO

 

Depoimentos

 

“Sem dúvida, é uma perda importante para a Unicamp”, lamentou o reitor Fernando Costa. Segundo ele, o docente contribuiu de maneira significativa não apenas como pesquisador de destaque na área de Demografia, mas também como pró-reitor de Pós-Graduação da Unicamp. “O professor Hogan, que era meu amigo pessoal, foi um exemplo de dedicação à ciência e à instituição", completou o reitor.

“Quando veio para a Unicamp no início dos anos 70, originário de Cornell, ele já era um pesquisador de destaque. Aqui, ajudou a consolidar o IFCH e instituiu a área de estudos demográficos relacionados com o meio ambiente. Sem dúvida, o professor Hogan contribuiu decisivamente para que o Brasil avançasse nesse campo da ciência. De minha parte, perco um amigo, cujo perfil sempre foi marcado pela cordialidade e pela busca contínua do entendimento”, afirmou o secretário de Ensino Superior, Prof. Carlos Vogt.

Diretora do IFCH, Nadia Farage destacou que para além de um pesquisador importante na área de demografia, Hogan destacou-se ainda como professor no segmento da Sociologia, sendo responsável pela formação de várias gerações de profissionais. “Também nesse aspecto ele deixou uma marca profunda no Instituto”, disse.

Maria Coleta de Oliveira, chefe do Departamento de Demografia do IFCH, lembrou que Hogan foi um dos primeiros pesquisadores convidados pela professora Elza Berquó, fundadora do Núcleo de Estudos de População (Nepo), para integrar o órgão. “Já como membro do grupo, o professor Hogan aceitou o desafio de abrir uma área de estudos associando demografia e ambiente em uma época em que praticamente ninguém falava sobre isso. Ele sempre foi um cientista e um ser humano cuidadoso e plural. A Unicamp e a ciência brasileira perdem muito com a morte dele”, considerou.

“O Brasil acaba de perder um estudioso e militante das questões ambientais e nós, do Nepo, um grande amigo”, disse a coordenadora do Nepo, Regina Maria Barbosa. Segundo ela, Hogan criou a área de população e ambiente no Brasil e na America Latina, sendo um grande incentivador e formador de pesquisadores e profissionais ao longo de mais de 35 anos na Unicamp. “Com a sua capacidade de articulação e dialogo, conseguiu criar uma ampla rede de pessoas dedicadas a pensar e trabalhar por um mundo mais sustentável, justo e humano”, concluiu.

“Conheci Daniel no momento em que fomos convidados para formar uma área de estudos de população na UNICAMP”, lembra a Profa. Elza Berquó, fundadora do Nepo. “Daniel honrou esse país com sua conduta e com o seu empenho como pesquisador e professor . Honrou a Unicamp abrindo novas fronteiras de conhecimento e atraindo jovens talentos para essa temática. Honrou os colegas do Nepo com a sua constante e fiel amizade, sempre pronto a colaborar , contribuir e somar. Seus amigos colegas e alunos agradecem Daniel por tudo que deixou em nós e para nós”, complementou.

 

Abril 2010

Fonte: http://www.nepo.unicamp.br/nepo/perfils/homenagemHogan.html

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Rodrigo Simões

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Morreu nesta sexta-feira, 19, no Rio de Janeiro, o professor Rodrigo Ferreira Simões, do Departamento de Ciências Econômicas da Face, e vice-diretor do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar). Ele presidia a Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional (Anpur).

Simões sentiu-se mal e foi internado no Hospital Miguel Couto, na capital fluminense. Seu corpo chega a Belo Horizonte ainda neste sábado e será velado no domingo, 21, das 8h às 13h, no crematório do Cemitério Parque da Colina, no bairro Nova Cintra, região Oeste de Belo Horizonte. Em seguida, ele será cremado. Casado com a professora Teresa Bruzzi, vice-diretora do Teatro Universitário, Rodrigo Simões era irmão do professor Gustavo Simões, da Escola de Engenharia.

“Era um professor destacado na área de planejamento urbano e regional, com vários projetos. Uma figura peculiar, singular e muito querido por nós, colegas e técnico-administrativos, e pelos estudantes. Pessoa alegre, de bem com a vida. É uma pena, deixou-nos muito cedo", lamentou o professor Hugo da Gama Cerqueira, seu colega de Departamento e pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento da UFMG.

Trajetória

Doutor em Economia pela Universidade Estadual de Campinas, Rodrigo Simões foi sócio-fundador e membro titular do Conselho Científico da Associação Brasileira de Estudos Regionais – Seção Brasileira da Regional Science Association International. Era editor-associado da Revista Brasileira de Inovação e membro do conselho gestor da revista Planejamento e Políticas Regionais.

Publicou dezenas de artigos em periódicos especializados e trabalhos completos em anais de eventos. Desenvolvia e orientava pesquisas nas áreas de desenvolvimento regional, economia urbana e urbanização.

Foi Visiting scholar, no Land Economy Department da University of Cambridge (UK), e Associate researcher, no Departament of Geography and Environment da London School of Economics and Political Science (LSE), em Londres.

Em 2014, o Portal UFMG publicou matéria sobre estudo coordenado pelo professor Rodrigo Simões, que associava o peso de atributos urbanos aos processos de inovação. Na época, o artigo Innovation, urban attributes and scientific structure: a Zero-Inflated-Poisson model for biotechnology in Brazil conquistou o Best International Paper Award, concedido pela Regional Studies Association.

Agosto 2016

 

Fonte: https://www.ufmg.br/online/arquivos/044898.shtml

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Eni Samara

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Eni de Mesquita Samara, colega e amiga muito querida, deixou saudades. Enfrentou sua doença com coragem e determinação, transmitindo a todos à sua volta incomensurável vontade de viver. Partiu muito cedo, mas sua lembrança permanece forte entre seus amigos, colegas e alunos. Profissional muito respeitada, sua competência e dedicação ficaram patentes no desempenho das múltiplas atividades de pesquisa e ensino que desenvolveu no plano nacional e internacional.

Professora Titular do Departamento de História da USP na disciplina História do Brasil Colonial foi, por muitos anos, Diretora do Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina (Cedhal), ao qual imprimiu grande dinamismo. Ali organizou um arquivo de fontes primárias relacionadas especialmente a temas da história da população, assim como promoveu a publicação de boletins, revistas e coleções de textos com os resultados de eventos do Centro e de vários projetos sucessivos que comandou.

Seu comprometimento institucional a levou a aceitar muitos cargos administrativos, tais como a Coordenação de dois Programas de Pós-Graduação, a Vice-Direção da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e a Direção do Museu Paulista. Não se pode esquecer, ainda, sua marcante atuação como Presidente da Anpuh (Associação Nacional de História).

Considerada por seus pares como pioneira na área de demografia histórica brasileira (sua dissertação de mestrado foi defendida em 1975), dedicou-se ao estudo da família e das relações de gênero desde a década de 1970. Suas pesquisas sempre revelaram inclinação e talento notável para lidar com fontes primárias, manuscritas e impressas, bem como aquelas passíveis de quantificação. Suas publicações nesse campo são relevantes, desde a coletânea As ideias e os números do gênero: Argentina, Brasil e Chile no século XIX, de 1997, até livros de divulgação como, por exemplo, Família, mulheres e povoamento: São Paulo, século XVII, de 2003. Conferencista e professora convidada em diversas universidades americanas, europeias e asiáticas, publicou muitos capítulos de livros no exterior, dentre os quais se destaca "Historia de las mujeres en España y América Latina III", de 2006.

Também teve notória habilidade para gerenciar amplos projetos de pesquisa, envolvendo pesquisadores de diversos centros, assim como alunos e estagiários, conseguindo recursos, organizando eventos, coordenando simpósios e divulgando anais. Formou inúmeros pesquisadores nas áreas de sua especialidade, muitos dos quais atuam em universidades estaduais e federais em várias regiões do país.

Em face dessa trajetória tão intensa, rica e diversificada, não podemos deixar de prestar a ela nossa homenagem e externar nossa admiração pela vida plena de realizações memoráveis. Eni deixa uma lacuna na historiografia e na universidade brasileira. Só nos consola o orgulho de termos tido uma colega que tanto colaborou para o bom nível da vida acadêmica e para os avanços da historiografia brasileira.

 

Maria Helena Capelato, Horácio Gutierrez, Maria Lígia Prado 
Universidade de São Paulo

Agosto 2011

 

Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-01882011000200002

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Guaraci Adeodato

Homenagens

Homenagens

A ABEP tem o triste dever de anunciar a morte de uma de suas mais ilustres e antigas sócias – Guaraci Adeodato Alves de Souza, - Guara, para os que a conheceram - ocorrido hoje, dia 9 de dezembro. O velório acontece a partir das 16 horas e a cremação será, amanhã, às 10 horas, no Jardim da Saudade, em Salvador.

Graduada em Serviço Social, em 1965, a aproximação de Guaraci da Demografia começou logo a seguir, no curso de especialização Formation en Développement que realizou no Institut international de Recherche et de Formation en vue du Développement Harmonisé (IRFED) em Paris em 1967 -1968.  De volta ao Brasil, em 1969, cursou a Especialização em Dinâmica Populacional, oferecida na Faculdade de Higiene e Saúde Pública da Universidade de São Paulo - primeiro embrião paulista na formação de demógrafos brasileiros - e, em seguida, cursou a especialização em Demografia oferecida pelo Centro Latino-americano de População na PUC-Rio. Seu Mestrado em Economia, em 1976, com a dissertação “Migração e Subemprego em Salvador” já revela sua decidida opção pela Demografia, como área preferencial de estudos.

Teórica extremamente séria e ambiciosa, embora não canônica, seu doutorado: “Sucessão das Gerações na Bahia: Reencontro de uma Totalidade Esquecida”, sob a orientação de Maria Coleta Oliveira é um repto teórico extremamente complexo, parte de sua preocupação fundamental com a “busca de uma formulação teórica sobre a reprodução demográfica que desse conta, de uma maneira adequada, das interpretação desse processo enquanto processo social e histórico, tanto nos seus movimentos sincrônicos, quanto diacrônicos [e que] no plano empírico, [preocupa-se,] sobretudo,[ em] reconstruir as experiências históricas de mudança na fecundidade e nos padrões de procriação, associadas a alterações estruturais em outras dimensões da sucessão das gerações.” Pelo menos um de seus trabalhos desta perspectiva foi publicado na REBEP.

Por sua preocupação teórico-política e por sua responsabilidade social, Guaraci teve enorme e importante participação no desenvolvimento da Demografia no Brasil.  De diferentes formas, participou da ABEP em distintas situações: como membro da Diretoria,  foi 2º Presidente entre 1985 e 1986; foi membro do Conselho Consultivo  na gestão 2001-2002, e ainda participou da Comissão Avaliadora de Posters em 2008.  Mas seu maior trabalho foi a constituição da área de Demografia na Bahia, por uma série de ações extremamente positivas.

Em primeiro lugar, é importante ressaltar que, graças a seus esforços, foi possível a inclusão da Demografia como disciplina no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFBa, tendo-a como docente responsável.

Em segundo lugar, cabe enfatizar a introdução do questionamento demográfico como linha de pesquisa do CRH - Centro de Recursos Humanos – e, mais ainda, a constituição, neste centro, do Laboratório de Análises Sociodemográficas do qual foi coordenadora até recentemente. O laboratório funcionou também como posição estratégica para que Guara pudesse realizar diversas atividades de extensão, como cursos, seminários e reuniões, para os quais contou com o apoio da ABEP, do CEDEPLAR e do NEPO.  Todas estas inovações tornaram-se o núcleo de desenvolvimento de uma área de estudos de Demografia na Bahia, até então inexistente.

Mas suas atividades não eram puramente acadêmicas. Polemista por natureza e por tradição familiar, Guara, antineomalthusiana ferrenha, celebrizou-se por suas discussões na imprensa, falada e escrita, com o médico baiano Elsimar Coutinho. Nestes debates, defendia o princípio da liberdade do casal no planejamento familiar, do direito ao desejo pelos filhos e pela quantidade deles, e do planejamento subordinado a este desejo e não a influências outras, tais como o Estado ou grupos sociais.  Ao mesmo tempo, questionava os impactos macroestruturais de uma queda orquestrada da fecundidade que não levasse em conta a realidade do país assim como o desejo dos casais e das pessoas.

Com um feeling político extremamente aguçado, Guara ainda brigava pela Demografia em outro front: o das políticas públicas. E foi essa a razão de sua colaboração intensa com a SEI-SEPLAN do Estado da Bahia, onde atuavam e atuam vários de seus ex-alunos, que ocasionou a produção de uma série de análises sobre as mudanças sociodemográficas recentes, na Bahia e em distintas Regiões Econômicas da Bahia, inclusive nos seus diferentes municípios. Esta parceria produziu uma série de livros e deixou, como sub-produtos, bancos de dados com informações demográficas básicas, indispensáveis ao planejamento.

Enfim, resumindo, Guaraci Adeodato Alves de Souza foi uma das pioneiras que tornou possível a constituição da Demografia como área disciplinar em nosso país. Apaixonada, irreverente, engraçada, bem humorada, séria, polêmica, extremamente responsável, politicamente engajada, “porreta”, Guara não vai deixar apenas saudades. Vai deixar um imenso vazio tanto na ABEP quanto em nossos corações.

(Elisabete Dória Bilac - Vice-Presidente da ABEP – Gestão 2013-2014)

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